SILVIO DE CAMILLIS “Monotipia”
GUSTAVO FERRO “Sobre Lápis”
Por Lilian Colosso e Ana Elisa Matos
Optou-se, como parte das propostas curatoriais desenvolvidas durante o semestre, por pensar uma interlocução entre trabalhos que ocupam o mesmo espaço, começando pelas obras que ocupam o espaço novo da galeria, obras de Silvio de Camillis e Gustavo Ferro.
Ambos, através de suas propostas de definição da obra, subvertem a linguagem, Gustavo Ferro definindo questões de desenho sobre um trabalho tridimensional, e Silvio de Camillis apontando questões pictóricas em um trabalho gráfico de monotipia – esse ultimo enfatizando ainda mais essa questão dando ao trabalho o nome da técnica.
As pinturas de Silvio de Camillis tratam da questão dos vestígios de uma matéria pictórica, obtidas através da técnica gráfica monotipia. Estão presentes na exposição três registros diferentes da matéria tinta depositada uma única vez sobre um suporte/matriz (lona plástica). Vejo então essa série de três trabalhos como sendo componentes de uma única pintura: considerando o processo, as impressões de uma pintura feita sobre um suporte impermeável, a fim de repelir ao máximo a tinta, traduz a idéia de que essas três impressões, sendo decalques de uma superfície/situação comum, são como peles “translúcidas” que formariam uma mesma imagem pictórica se fosse possível o processo inverso, de imprimir as três monotipias num mesmo suporte. Além das questões plásticas próprias que ele carrega da superfície pictórica, como cor, forma, textura , o trabalho se assume mas uma vez como pintura, reafirmando-se nessa linguagem.
Já a série “Sobre Lápis” de Gustavo Ferro é composta por bancos articulados em um estarrecedor equilíbrio. As banquetas de madeira equilibradas por lápis, formando um espetáculo acrobático, mexe com as nossas percepções de segurança e fragilidade. A todo tempo imaginamos que um simples toque pode por abaixo uma estrutura que requer tempo e dedicação minuciosa para ser montada. Por outro lado, a obra desperta um prazer velado de presenciar o desabamento para depois acompanharmos passo a passo a reconstrução. Estrutura que o artista propõe ser pensado enquanto desenho. O desenho não se restringe ao uso do lápis e convenções do desenho sistematizado pela sua tradição. Gustavo Ferro propõe que seu trabalho seja pensado pela possibilidade da experiência humana do desenho enquanto ação, atitude. Muito além de uma prática gráfica expandindo uma definição desgastada de desenho. Propõe pensar o desenho e suas interfaces contemporâneas transdisciplinar.
mais de Gustavo Ferro:
http://gustavoferrobeco.blogspot.com/
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